Nutrientes e Exercício

Apesar de necessários em pequenas quantidades, as vitaminas e os minerais têm funções importantes e essências para o desenvolvimento, crescimento e manutenção de inúmeras reações metabólicas que ocorrem no organismo. Como todas estas reações são mais intensas durante a prática de exercícios físicos, há bastante controvérsia nos resultados de trabalhos científicos sobre a maior necessidade destes nutrientes para a população de atletas ou praticantes de atividade física vigorosa.

Várias vitaminas são utilizadas concomitantemente no metabolismo de substratos comuns (proteínas, carboidratos, gorduras) e a deficiência de um afeta a atuação de outra, dificultando a interpretação de achados clínicos. Os vitaminóides, ou substâncias similares ás vitaminas, tais como carnitina, colina, inositol, ácido lipólico, ácido para-aminobenzóico, pteridinas e ubiquinona (coenzima Q 10) não são consideradas vitaminas por serem normalmente sintetizadas no organismo, mas atuam como co-fatores em importantes reações enzimáticas (Lameu E, 2005).
Deficiências podem ser notadas de acordo com a vitamina. Um menor consumo do complexo B e da vitamina C e sua consequente queda no organismo pode diminuir o VO2max e a capacidade anaeróbia em menos de 4 semanas (Van der Beek, 1991). As vitaminas antioxidantes C, E, beta-caroteno têm grande valor científico por sua atuação antioxidante e, portanto, o potencial em aumentar a performance do atleta com o efeito de proteção ao dano muscular induzido pelo exercício (Williams, 2004).

Dentre as funções desempenhadas por minerais e que podem influenciar a performance atlética está: contração muscular, impulsos nervosos, batimentos cardíacos, transporte de oxigênio, fosforilação oxidativa, ativação enzimática, função imunológica, função antioxidante, saúde óssea e equilíbrio ácido-básico do sangue (Speich et al, 2001).

Apesar de todas estas atribuições, muitos trabalhos insistem na consideração de que a suplementação de vitaminas e minerais não se mostra eficiente na melhora da performance em indivíduos com alimentação saudável e adequada em calorias. Na prática, os atletas e praticantes de exercicios físicos, acreditam na suplementação como forma de melhorar a performance e a composição corporal. Muitos destes, até por indicação de profissionais de saúde consomem uma cápsula de multivitaminas e minerais, dentro das recomendações estabelecidas pela RDA, para garantir o suprimento adequado.

Por outro lado, a falsa idéia do "quanto mais, melhor!" pode levar a um consumo abusivo de megadoses de vitaminas e minerais pode chegar a doses de 10 vezes e até 1.000 vezes maiores que a RDA. Desta forma, é preciso levar em conta a interação destes nutrientes entre si, pois o consumo elevado de um determinado nutriente pode interferir na biodisponibilidade de outro e vice-versa.

Uma deficiência de vitaminas do complexo B pode prejudicar tanto a performance aeróbia quanto anaeróbia, pois elas participam como cofatores do metabolismo energético (Ciclício e a maior demanda de vitaminas do complexo B, se esta for suprida com um consumo adequado de carnes e cereais, fontes destas vitaminas, dificilmente se têm um quadro de deficiência destes nutrientes. Alguns estudos sugerem que a suplementção de niacina pode estar relacionada à maior utilização do carboidrato como substrato para o exercício, levando ao esgotamento prematuro do carboidrato.

A vitamina C, além de suas propriedades antioxidantes, estudadas de forma isolada ou em conjunto com a vitamina E e o betacaroteno, apresenta importantes funções para o atleta, como a síntese de carnitina, que transporta ácidos graxos de cadeia longa para dentro da mitocôndria, e as catecolaminas, epinefrina e norepinefrina.

A vitamina A, além de sua reconhecida função na visão, tem caráter estrutural no crescimento e reprodução celular, resposta imunológica, estabilizador de membranas e síntese de glicoproteínas. (Lameu, 2005) A forma pró-ativa de vitamina A, o beta-caroteno tem papel antioxidante no corpo e não apresenta efeito nocivo. O betacaroteno, se em excesso na dieta, causa apenas a hiperbetacarotenemia - pigmentação amarela das extremidades da palma da mão e do pé, sem efeitos adversos ao organismo.

No exercício há uma produção maior de radicais livres e, neste caso, a vitamina E, junto com o mineral selênio é fundamental para a formação da glutationa peroxidase, importante enzima antioxidante. Esta necessidade, no entanto, pode ser atingida com um consumo adequado de castanhas e óleos vegetais.

Na pele, com a exposição à luz solar, pode ser sintetizada a vitamina D; quamdo há um inverno prolongado, esta deve ser consumida através da dieta com maior atenção.

As manifestações clínicas ocorrem após um período prolongado de ingestão ou administração reduzida. Em etapas, ocorre primeiro a redução dos estoques orgânicos, depois diminuição da síntese de metabólitos, como consequente redução da atividade das enzimas e dos hormônios delas dispensáveis. Até este estágio de deficiência, não existe nenhuma manifestação clínica, somente um suprimento limítrofe e a deficiência subclínica. Quando os distúrbios funcionais e bioquímicos são detectados, as manifestações clínicas progridem de estágio inicial atá os achados clínicos clássicos. (Lameu, 2005)

Com relação aos minerais, merecem destaque os eletrólitos (sódio, potássio e magnésio), cálcio, ferro e selênio.

Para um consumo adequado de cálcio são necessárias quatro porções diárias de leite e derivados, como iogurte, queijo e coalhada. Uma grande preocupação reside no "mito do leite", que esportista e atletas crêem na dificuldade de redução da gordura corporal com o consumo de leite. Não há dados científicos que comprovem esta teoria, exceto questões de intolerância à lactose e alergia à proteína do leite. Sabe-se, ao contrário, por evidências científicas, que o consumo de calcio está relacionado com menor gordura corporal (Zemel, 2002; Draznin, 1988). Por outro lado, o baixo consumo de cálcio pode levar à osteoporose, principalmente em mulheres com a tríade da mulher atleta (amenorréia, alimentação desordenada, osteoporose) e neste caso, segundo o consenso do National Institute of Health, de 2001, è justificável uma suplementação de cálcio acompanhada de vitamina D.

Envolvido na contração muscular e na produção de energia encontra-se o magnésio, que, se suplementado, deve se apresentar numa proporção de 1/3 da quantidade de cálcio, pois auxilia na absorão deste mineral. (Hickson, 1986).

De importância renomada é o ferro, componente da hemoglobina e, portanto, envolvido no metabolismo do oxigênio. O benefício da suplementação depende do status de ferro no organismo do atleta e dos níveis de ferritina (WILLIAMS, 2005). Queda de performance pode ser proveniente de um estado de anemia, devido ao menor rendimento aeróbio.

Envolvido com a síntese protéica e metabolismo energético, o zinco também é componente de mais de trezentas enzimas, participa da formação óssea, é mediador da resposta imunológica e também é necessário para a desidrogenase do ácido lático beneficiando o exercício anaeróbio (Glesson, 2000). Como ferro, zinco e cobre competem pelo mesmo carreador durante o transporte intestinal, uma suplementação excessiva em um destes pode implicar na deficiência dos outros.

Já o cromo, é suplementado por atletas na forma de picolinato de cromo, por supostamente, ter efeito ergogênico, baseado na sua função como cofator do hormônio insulina, e seu papel facilitador de transportar aminoácidos de cadeia ramificada dentro do músculo. Alguns dados, inconclusivos a ainda recentes, sugerem um aumento de massa magra e perda de gordura corporal com a suplementação de 200 microgramas de picolinato de cromo. (Evans, 1989). Outros trabalhos não reproduzem os efeitos alegados por Evans e portanto, não existem dados que justifiquem o uso do cromo como suplementação. (Walker, 1998) O Selênio, presente na castanha do Brasil e na amêndoa, é parte da integrante da enzima glutationa peroxidase, com importante ação antioxidante, em conjunto com a vitamina E. Este mineral também atua na conversão de T3 a T4, importante para função da tireóide e consequentemente, ativação metabólica.

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